segunda-feira, outubro 27, 2008

Viver e dirigir

Olá!
Sei que você deve estar esperando pelos meus textos, entretanto, mergulhei em um novo projeto que está tomando meu tempo.
Uma velha desculpa esfarrapada...
Mas em breve todos poderão desfrutar de um novo site, muito mais completo e com recursos mais evoluídos.
Por hora, agradeço por ter formado pessoas inteligentes e refinadas, escritores, demonstradores de coreografias.
O texto dessa semana foi escrito por Caio Melo, grande companheiro e monitorado.
Aproveite e visite a página dele, paraviverbem.com.br
Um grande abraço!
Ricardo Melo
Provavelmente você dirige. Como você dirige? Rápido ou devagar? Com ou sem pressa? ... e quando ninguém está fiscalizando? Mas o que isso pode ter a ver com sua qualidade de vida?Durante a semana passada dirigi muito mais do que normalmente o faço. Entre lojas de móveis, de tintas e lugares divertidos para se curtir os dias de férias, diversos quilômetros dirigindo. Já havia percebido antes, mas em determinado ponto notei novamente como cada vez mais tenho seguido as regras de como guiar o carro. Dar setas, respeitar a distância de segurança com o carro da frente, sinalizações diversas entre motoristas e com pedestres... mas a principal, do meu ponto de vista, é o limite de velocidade. Como eu tenho respeitado o limite de velocidade!Racionalista como ainda me dou o trabalho de ser, enquanto dirigia fiquei imaginando diferentes motivos para essa mudança, já que sempre gostei de dirigir “um pouquinho mais rápido”. Dentre tantos devaneios, o que me chamou mais atenção foi o fato de que cada vez menos eu tenho motivos para correr. Menos pressa, menos ansiedade, menos angústia em querer chegar de uma vez, menos sede de fazer o relógio andar mais depressa. Não falo, agora, exclusivamente das experiências ao volante, mas sim de um posicionamento perante todas as nossas experiências de vida. Trata-se de escolher protelar a saída de casa até o último instante para correr contra o relógio (e a segurança da sua vida) para chegar a tempo no seu destino ou se arrumar um pouco mais rápido para sair um pouco antes de casa e fazer o mesmo trajeto sem pressa, sem a margem extra para erros e acidentes, sem a adrenalina e o stress de enfrentar um inimigo poderoso e intangível: o tempo. Intelectualmente todos nós escolhemos a mesma opção, mas o que você tem feito até agora?Continuando a dirigir, entrei em uma rua sem fiscalização eletrônica de velocidade. Mantive o carro dentro dos 40 Km/h exigidos pela placa. “Não tem ninguém vendo, Caio. Aproveite e corre”. Por vezes não é o medo da punição que nos mantém sociáveis e íntegros? Quantas regras, leis e convenções você seguiria tendo a certeza da impunidade? Em muitas situações talvez nós só acatemos algo para não sermos punidos. Naquele momento, dirigindo lentamente e sem pressa pela rua sem fiscalização, flagrei-me em outra condição. Experimentei a sensação de compreender, aceitar e realizar aquilo que é determinado para diminuir a quase zero a possibilidade de que alguém tivesse qualquer dano. Se um garoto cruzasse a rua correndo atrás de sua bola de futebol, eu frearia em tempo hábil. Se um carro saísse de qualquer garagem repentinamente, eu poderia desviar ou parar meu carro sem gerar acidentes ou incomodações. Pode parecer neurótico pensar em todas as situações ruins que poderiam acontecer ao simplesmente dirigir por uma rua, mas é só um exemplo do quanto algo simples como dirigir reflete nosso jeito de viver. Por vezes estamos nós, calmamente seguindo nosso caminho, e alguém fecha o caminho com seu carro apressado, buzina nervoso ou ainda dá um impaciente sinal de luz. Aí o sangue esquenta e você tem muita vontade de revidar ou perseguir o infeliz para retribuir o favor? Bem, isso será assunto para um outro dia... Nesse ponto eu já tinha subido a rampa do estacionamento no Shopping para assistir um filme no cinema e parei de pensar no assunto. Até a próxima.
Caio Melo

Um comentário:

Unknown disse...

Show de bola teu blog, tá add profi!