"Com esta base sólida de boas obras, depois poderá ler qualquer coisa, pois já terá desenvolvido o senso crítico."
Tenho algumas dúvidas que o senso crítico se desenvolva lendo só obras concordes. A frase correcta seria:
"Com esta base sólida de boas obras, depois poderá ler qualquer coisa, pois já terá sido moldado/convencido por este ponto de vista". O senso crítico se desenvolve avaliando através da razão antinomias e opiniões opostas.
Resposta:
Olá.
Fico grato com sua colaboração e espero que continue enviando opiniões. Da mesma forma que se expressou, gostaria de esclarecer meu ponto de vista. Poderia ser uma resposta rápida e concisa, mas achei melhor uma explicação mais detalhada sobre a importância do post.
Muitas obras citadas não são concordantes de forma plena, muito pelo contrário.
São livros de diferentes autores, alguns Mestres, outros historiadores, e assim por diante. Pessoas que viveram em diferentes épocas, de linhas de Yôga divergentes, com idéias específicas, mas que possuem informações importantes e mostram diferentes pontos de vista. Há no post uma seleção feita com carinho, analisada por profissionais, pessoas cultas, que selecionaram obras sérias, separando-as de algumas que realmente não privilegiam o bom-senso do leitor. Daí a frase ilustrativa que abre o trecho: “antes de se ter algum tipo de relação profissional com livros, não se descobre quão ruim é a maioria deles.” George Orwell.
Houve sim uma preocupação. A recomendação essencial é não misturar diferentes conhecimentos de temas supostamente iguais.
Tratando-se de Yôga, há uma tendência a pensar que outras correntes filosóficas possam contribuir à evolução.
“Resista heroicamente à tentação de ler qualquer coisa, só por tratar-se de Yôga ou de alguma matéria supostamente semelhante.”
Senso crítico pode ser definido como a capacidade de avaliar e julgar com equilíbrio e discernimento ou, é a capacidade que um indivíduo tem de criar sua própria opinião, independente do senso comum. As obras relacionadas preocupam-se em demonstrar a diferença entre os tipos de Yôga. Algumas possuem diversos capítulos sobre esse tema, tais como: Tratado de Yôga, Quando é preciso ser forte, Origens do Yôga Antigo etc.. Cabe ao leitor, escolher aquilo que interessa.
Sendo assim, percebo que sua sugestão não foi bem colocada. Substituir “senso crítico” por “moldado/convencido por este ponto de vista” implicaria uma má interpretação da intenção exata daquelas palavras, pois as obras não visam doutrinar ou convencê-lo de que o Nosso Método é o melhor, e sim esclarecer as diferenças para que escolhamos em total liberdade. Além disso, como dito, existe uma seleção de livros sérios provenientes de outras Escolas filosóficas.
O ponto central do texto é conscientizá-lo de que misturar diversas filosofias, bem como misturar religiões, por exemplo, não é saudável, pois estas correntes possuem idéias completamente opostas, o que leva o individuo, no mínimo, a uma bela confusão.
A segunda obra da lista, Quando é preciso ser forte, DeRose, Ed. Nobel, mostra, entre outras coisas, os anos em que o Mestre DeRose buscou diversos conhecimentos distintos, em lugares variados. A conclusão final do autor é que ele perdeu muito tempo e energia enquanto que se tivesse investido o tempo dele em uma única coisa, independentemente do que fosse, teria alcançado o sucesso e desenvolvimento desejado em menos tempo.
Se estamos buscando algo novo, cabe realizar uma breve pesquisa e checar algumas informações para descobrir em qual grupo obteremos maior identificação.
Mesmo assim, minha sugestão é visitar pessoalmente estes grupos. A empatia é algo que sentimos muito mais do que entendemos. Uma vez escolhido, evite freqüentar outros simultaneamente.
Se for buscar um conhecimento profundo antes de mergulhar em uma filosofia, passará a vida toda estudando e não terá conhecido tudo. Até mesmo porque uma série de ensinamentos são iniciáticos e não aparecem descritos em nenhum livro.
Tratando-se do estudo aprofundado em prol do desenvolvimento no Yôga, cabe frisar a recomendação de não misturar, a não ser que você já tenha uma base sólida no método que você escolheu, para não confundir informações, aplicando consequentemente conceitos e técnicas que chocam-se entre si.
O termo Yôga causa um tipo de efeito desconhecido por nós, pois as pessoas tendem a confundir absolutamente tudo. Acham que Yôga é relaxamento, que Yôga é zen e tudo que possa imaginar. No entanto, não é uma verdade.
Neste blog, estamos observando as informações sob o ponto de vista da Nossa Cultura.
Mesmo assim, muitos ensinamentos servem para vida como um todo, mesmo que o leitor não seja simpatizante da nossa filosofia.
Agradeço de coração sua colaboração. Se algum dia eu cometer algum descuido, serei muito grato aos que apontarem o erro.
Um forte abraço.
Ricardo Melo
