domingo, março 22, 2009

A ansiedade de não tê-la

São 5:35 da manhã, Acabo de ver e aprovar sua primeira indicação, Um filme de fato emocionante, arrebatador, Uma verdadeira lição. São 5:36, Já passa da hora de dormir, Está perto do momento de acordar, Mas algo me deixa inquieto, O dia acabou sem ter acabado, Um dia sem a sua voz, O primeiro depois que reencontramo-nos, Se assim permite-me falar, Quando perguntasses se lembrava da primeira vez que lhe vi, Sorri discretamente e feliz, Adorei a pergunta, A resposta não poderia ser mais ridícula da minha parte. São 5:40, Lembro dos seus olhos, Do seu lindo nariz, Da escultura chamada rosto, Ainda sinto seu toque em minhas costas, Quanta inveja gerou seu carinho. 5:43, Nenhuma mensagem, Apenas o sutil som do piano, repetindo, repetindo, repetindo, Na introdução do filme, O relógio não para, Hoje se arrastou sem o sorriso, Sorriso que ofertas com sinceridade, E que desfrutei em todas nossas poucas conversas. 5:46, Um suspiro, Releio o texto que acabo de escrever, Desaprovo minha criatividade, Mas minhas mãos não param. 5:48, Um canceriano tenta se expressar, Esconde sua fraqueza, Não há o que adorar, Chegou a hora. 5:51, Fecharei meus olhos, Colocar-me-ei a sonhar, Na esperança de experimentar a sensação, Da plenitude que foi tê-la por perto, Talvez meu subconsciente oferte esse presente. 5:55, Desejo-me bons sonhos, Apago a luz, E por alguns instantes, Tudo está claro, Seus olhos ainda brilham em minha mente, Não sei mais que horas são, Sonho acordado, Uso minha imaginação, Beijo seu corpo, Acaricio sua pele, Sinto seu perfume, Perfeito, Em todo meu dia, Esse foi o instante perfeito, Mas isso será pouco após descobrir, Que o verdadeiro ato de estar com você, É mais do que perfeito, E por isso talvez, Eu não consiga dormir. 6:10.
Ricardo Melo

quarta-feira, março 18, 2009

Ruim de despedidas

Não sei se você compartilha desta sensação
Constatei a pouco que sou ruim de despedidas
Péssimo, no meu ponto de vista
Percebi isso de um jeito muito incomum
Depois relembrei de uma série de despedidas e... kabum!
Caiu o fardo em meu colo
Não falo de grandes despedidas
Aeroportos, viagens longas, mortes etc.
São aquelas comuns, corriqueiras
Todos os dias nos despedimos
Saindo do trabalho
Depois de um encontro
Numa conversa pela internet
Sim, foi numa dessas que vi o quanto falta habilidade
Compartilho porque achei que poderia ser o caso de outros
Sinto-me ligeiramente vulnerável ao dar um tchau
Mandar aquele beijinho
Um emoticon talvez
Muitas das vezes a despedida vai e volta
Como se não quisesse ter fim, um rápido jogo
Claro que com pessoas que tenho muita afinidade
Aliás, só acontece com essa premissa
Em encontros de negócios ou começo de amizade sempre é diferente
Já percebi pessoas absurdamente perfeitas nas suas despedidas
Até naquelas mais difíceis
Sempre possuem uma frase diferente
Não repetem a atitude
São naturais, incríveis
Existem aqueles chatos que sempre usam o mesmo texto
Tchau, bom descanso
Ou durma bem, sonhe comigo
Pior são os que se despedem de você
Viram-se para o lado e fazem o mesmo com outrem, da mesma forma!
A despedida deve ser personalizada
É uma separação
Mas que deixa aberta a porta para um possível retorno
Deve consolidar os bons momentos de união
Ou até mesmo apartar uma situação de cólera
A despedida pode deixar aquele gostinho de quero mais
Quem não tem habilidade faz o contrário
Acena tardiamente, aí, lá se vai o colega saturado
Despedir-se com uma piadinha pode ser fatal, nos dois sentidos
Se acertar a brincadeira, ganhou, senão...
Há aquela clássica, depois de falar muitas besteiras
Desculpe qualquer coisa
Ou ficou mudo durante todo o encontro e diz
Foi um prazer
Que prazer foi esse?!
Aquele aperto de mão de Maria-mole
A mão áspera
O abraço safado, carinho no nariz
A limpadinha no rosto, o arrumar a gola do colega
Beijo roubado, virada do rosto na hora errada
Três beijos? Dois beijos? Um beijo?
Melhor é definir a estratégia e ser convicto
Alguns saem com uma despedida em outra língua
See you soon, adieu”...
Os políticos se despedem o tempo todo sem nem ter se relacionado diretamente
Abanando a mão e sorrindo
Opa, sorriso é parte fundamental na maioria das vezes
Despedimo-nos após uma apresentação em público
Flexionamos o tronco para frente aos aplausos
Tem aquele abraço que estala as costas
O abraço que os quadris ficam distantes, muito feio por sinal
Aquele que esmaga os seios, pior ainda
O suado, frio, ofegante, cabelo na boca, perfumado
Ahh... o perfumado é bom
Merece minhas reverências e um beijo no pescoço
Não sugiro aos homens tentar
As mulheres, todavia, sintam-se a vontade caso possuam afinidade conosco
Tem aquela despedida geral, sem passar por cada um
Saída à francesa
Têm à italiana, quando sai todo mundo feliz e parece que estão brigando
O romântico, sempre exagerando
Gentleman, que nunca erra o momento e a forma
E ainda por cima deixa as mulheres nas nuvens
Aperto de mãos dos “manos”, soquinho no fim
Na oficina, você aperta o antebraço do mecânico para não sujar a mão

Tchau

OBS: Avisei que não tinha habilidade.

Ricardo Melo

domingo, março 15, 2009

Saudades de um breve amor

Meu breve amor
Supero o último receio para escrever-te
Sim, grave é minha situação
Tenho medo de rever-te e não reconhecer
De ouvir-te sem conseguir falar
Fostes mentindo a volta
Até agora, só fotos para relembrar
Meu coração endurece empoeirado
Ao contrário do retrato amolecido em minhas mãos

Meu breve e louco amor
Saudade guardada durante muito tempo azeda
Arde o desejo de rever-te
Disseram-me que esperança é a última que morre
Pra mim, a primeira que mata

Meu breve e morto amor
Ressuscita a chama que a distância quase apagou
Meus pulmões perderam a força
Já não acordam as labaredas do sonho anterior
Devolva-me o fôlego de mergulhador
Trazendo teu corpo apelidado oceano

Meu breve e longo amor
Esquecerei esta pausa de olhares
Este período distante
Mas o medo de ficar longe não
Sofrer tem um preço e até divido o valor
Caso contrário, encerro nosso breve contrato

Meu breve e caro amor
Sabes de um bom advogado?

Ricardo Melo

quinta-feira, março 05, 2009

Regra básica do amor

Quando acontece, simplesmente acontece
Essa é a verdade sobre o amor. Ponto.
Talvez reticências...
Por mais que use mil estratégias
Por mais que tenha experiência
O amor é inesperado, inexplicável
Quando acontece, simplesmente acontece
Quem diz que amor não tem regras está errado
Há a regra e ainda um complemento
Exemplo, dois pontos:
Se perceber que seus estímulos não possuem retorno
Que seus presentes, poemas e tentativas somente percorrem o caminho de ida
Prepare-se, pois o amor não é assim
Como disse uma grande amiga: não existe o amor de uma só mão
Ou seja, se só um ama, é porque não é amor
Na verdade, ainda não descobri um nome para isso
Mas amor, não é. Ela tinha razão
Se perceberes esse fenômeno em tempo
Transforme em amizade
Amizade, amor infinito
Muito bem definido por Machado de Assis: a amizade é como um círculo e como um círculo não têm começo nem fim
Entretanto, garanto que há grandes chances de perder o amigo e o amor
Porque houve demasiada exposição
Talvez seja tarde demais
Nem amor amigo, nem amor paixão
Amor é assim
Quando acontece, simplesmente acontece
E acontece entre dois.
Eis a regra e complemento.
Alguém prove que não, exclamação!

Ricardo Melo