terça-feira, junho 23, 2009

É tempo de envelhecer, cancerianos

Estamos próximos de envelhecer mais uma vez. Todo ano é assim.
Chegam os momentos que antecedem essa data e começam as reflexões. Não me diga que com você é diferente. Pode até ser, mas não irei acreditar, pois pra mim é tão profundo que prefiro achar que todos passam por isso.
Já não sentimos tanto aquela euforia, companheira nos bons tempos de 14 anos. Até buscamos esse sentimento guardado no baú emocional, só que ele não volta. Sentir ou não deixa de ser a questão, o fato é que muda, simplesmente.
Os presentes, pacotes, embrulhos já não representam muito. Queremos amigos, pessoas para compartilhar emoções, idéias e alegrias. Desejamos a presença deles para que possam sentir um pouco da nossa idade, mesmo sendo mais novos ou mais experientes. Juntos, voamos nos pensamentos, imaginando como será daqui a dez anos, vinte e muito mais. Entretanto, uma união sincera nos reúne como se não existisse o amanhã. Compartilhamos o medo de passar para os planos invisíveis e a felicidade de viver o presente.
Comida, sim, uma boa comida para comemorar. O sabor da vida é intenso, com mais pimenta, curry, salsinha, manjericão...
Nesses devaneios de tempos precedentes a data especial, até questionamo-nos se devemos realmente festejar mais um ano. Bobice. É aquele medinho de saber que alcançou uma idade mais avançada, inimaginável na infância. Percebemos que com o tempo o padrão estético imposto pela sociedade vai deixando alguns de lado, outros, nesses parâmetros, ficam mais belos. E nós? No entanto, para quê a preocupação? São, como dito, padrões.
Rabugentos em potencial afloram e os amáveis assumem uma ternura sem adjetivos. Por fim, aprendemos que algumas pessoas consideram-nos rabugentos e outras nos sentem ternos. Ninguém agrada todo mundo e nem por isso deixamos de tentar, nem com a idade.
Boa parte da vida passou e muitos sonhos tornaram-se realidade, só o caminho para alcançá-los foi diferente da imaginação.
Um leve peso nos ombros aumenta aos poucos, para podermos suportar, e chama-se responsabilidade. Vemos um desconhecido senhor ou senhora passando, colocamo-nos imediatamente em seu lugar. Isso não acontecia com freqüência na juventude. Pensamos nas coisas boas experimentadas por ele a ponto de questionarmo-nos sobre nosso aproveitamento. Quase nunca refletimos sobre as antigas malandragens vivenciadas pelo idoso, mas as nossas estarão na lembrança e tenha certeza de que as dele também estão. A velhice nos protege com ar de fragilidade, mesmo que para alguns isso seja desnecessário.
Calma. Talvez não seja ainda o momento de ir tão longe. Mais um ano despontando ou um que se foi? Os dois. Os valores mudam, sutilmente. A experiência acumulada desperta a sensação de vulnerabilidade, potencializando o valor de existir agora. Temos mais certeza do poder das decisões.
Que coisa! Percebemos que não levamos o dinheiro para o caixão, mas que o mesmo, paga o enterro. Então desajeitados equilibramos essa bandeja sem saber o fim da história.
A idade carrega mistérios e nos aproxima de um ponto de interrogação.
Bom é saber da existência dos amigos, a única coisa que acalma o coração.

Ricardo Melo

2 comentários:

Lê Braga disse...

Meu comentário é que os cancerianos já são nostalgicos e anciões por natureza e por isso gostam de ficar próximos dos aquarianos que são jovens e vivem na vanguarda...
Hehehehe...brincadeira. Parabéns desde já pelo aniversário. Beijos da eterna amiga

Unknown disse...

Amei o seu texto! Conceitos como velho e novo são muito relativos. O que importa mesmo é se a coisa está a funcionar de forma auto-suficiente!
A reciclagem é fundamental, para a evolução... beijos e até ao Fest-Yôga em Agosto?...