segunda-feira, maio 05, 2008

A arena atual, pão e circo

Os filmes constituem umas das fontes que gosto de usar para me nutrir antes de escrever. Vejo de um a dois filmes por semana e adoro cinema. Todavia, se estiver sozinho costumo resgatar alguns que já assisti. Estes dias, foi a vez de, Gladiator, EUA, 2000, direção: Ridley Scott – ator principal: Russel Crowe.
Quando estou em dúvida de qual filme assistir, o ator pesa bastante. Russel é um que gosto.

A probabilidade de você ter assistido é bem grande.

“O ano é 180 e o general romano Máximos, servindo ao seu imperador Marco Aurélio, prepara seu exército para impedir a invasão dos bárbaros germânicos. Durante o combate, Máximo fica sabendo que Marco Aurélio, já velho e ciente de sua morte, quer lhe passar o comando do Império Romano. A trama onde Cômodo, filho do imperador, mata o pai, assumindo o comando do Império, não é historicamente verídica. Na verdade, Cômodo assumiu quando seu pai morreu afetado por uma peste, adquirida durante uma nova campanha no Danúbio.
Enquanto Cômodo assume o trono, Máximo que escapa da morte, torna-se escravo e gladiador, travando batalhas sangrentas no Coliseu, a nova forma de divertimento dos romanos. Máximo, disposto a vingar o assassinato de sua mulher e de seu filho, sabe que é preciso triunfar para ganhar a confiança da platéia. Acumulando cadáveres nas arenas o gladiador luta por uma causa pessoal, de forma quase que solitária e leva benefícios ao povo, submetido pela política do pão e circo.”

Esse é o ponto que queria chegar. Havia visto o filme há algum tempo, mas a percepção desta vez ficou vidrada ao Coliseu e a política pão e circo.
Foi impossível, e acredito que vários já tenham sentido o mesmo, não comparar o Coliseu ao maracanã ou qualquer outro estádio.
Duas sensações me envolvem dentro desse quadro.
a) Evoluímos razoavelmente, pois pelo menos não há matanças explícitas no campo de football.
b) Infelizmente a política de controle da massa segue a mesma filosofia de tempos antigos.
Ainda nesse ano de 2008 peguei táxi antes de viajar para São Paulo. Sempre converso com o motorista. Durante o assunto profundo ele constatou que minha vida era horrível, pois eu não gostava de football.
Me preocupei muito com a minha qualidade de vida e existência naquele instante. Mentira. Fiquei com pena dele.
Colocaram uma venda aos olhos e disseram: _ vá viver, não pense muito.
Nada contra o esporte, muito menos com o indivíduo citado. Aliás, não se prenda ao exemplo em si, por favor.
O Coliseu em Gladiator é a final de campeonato. Ele suportava até 100 mil pessoas, sendo utilizado para combate de gladiadores e também, para o martírio de inúmeros cristãos.
A função era dar alegria ao povo enquanto coisas importantíssimas surgiam ou deveriam ser solucionadas. Doenças, pragas, qualidade do ensino, crianças pobres, fome etc.
Os problemas são os mesmos até hoje? Sim.
Os eventos aumentavam a simpatia entre o povo e o Imperador, que lhes ofertava tanta alegria.
Penso que a forma de ver o football, pode ser mais nobre. Vê-lo por um real gosto, como diversão etc. é bonito e emocionante. Entretanto, mantendo sua consciência sã, limpa e bem atenta para não ser ele a única alegria da vida. Há coisas muito belas a serem conquistadas dentro e fora de nós.
O pão e circo continua e funciona. Contentar-se com o ensino dado em colégios, faculdades etc. sem buscar nada além disso, é viver o embotamento proporcionado pela estratégia política, é ir ao Coliseu atual.
A utilidade desses eventos, não só dos campos de football, é eficaz.
A política ainda nos trás o pão e circo. E aceitamos de braços abertos, aplaudindo e gritando – é campeão!
Não sou infeliz por não gostar do football. Mas como isso é tão gritante na TV, nas propagandas, jornais, nos bares, em casa etc. alguns se preocupam com a felicidade de quem não gosta.
Pão e circo, é a educação dada. Ultrapassada, encarceiradora da criatividade e liberdade.
E quando a política for: conhecimento e livros, ou autoconhecimento e oportunidade ou... (tem tanta coisa melhor do que aquilo!) quem serão os líderes?
É mais fácil manipular a ignorância. Mas só um ignorante gostaria de liderar outro.

Esperto são os que lideram inteligentes, e os motivam.

A esses, tiro meu chapéu e penduro as chuteiras.

Ricardo Melo

5 comentários:

Fábio Santana disse...

Muito bom artigo. intenligente. sensato. E bem escrito.

Fábio Santana

LeniB disse...

Adorei este teu post.
Quando a cultura chegar às classes dirigentes, deixa de haver governo, passa tudo a anarquia.

Caio Melo disse...

O que comentar além de "concordo"?

Já que o texto trata do que é popular, cito uma música que se encaixa no contexto:

"O que se espera de uma nação
Que o herói é a televisão
Que passa todos os seus meses mal
Melhora tudo no Carnaval"
(Mucama, Cidade Negra)

Futebol, volei, carnaval, caso isabella, big brother, MTV... qualquer coisa pode ser usada de maneira construtiva ou perniciosa.

Sejamos exemplos de como aproveitar o que é bom das coisas e, mesmo assim, ultrapassar o óbvio desses entretenimentos.

Abraço do Caio!

Rafaella Coelho disse...

Oi Ricardo!
Muito bom o texto!
Realmente a única instituição que tem benefío com a ignorância é o governo. O pão e circo serve para o povo não perceber isso.
Beijos!

Unknown disse...

Adorei o seu artigo.Totalmente sensato e baseado na critica construtiva,foi muito util para um trabalho.
Abraços